Nesta sexta-feira, a partir das 15h (de Brasília), o Brasil enfrenta a Bélgica pelas quartas de final da Copa do Mundo na Rússia. O duelo acontecerá em Kazan, capital da República do Tartaristão e cidade que abriga o Rubin, principal clube da região.
O ex-atacante Roni foi um dos "desbravadores" do futebol russo no começo deste século: ele chegou a Kazan em 2003 após brilhar com a camisa do Fluminense e permaneceu no país por dois anos e meio.
"Para mim, foi uma experiência muito bacana. Eu me adaptei facilmente, tanto com costumes quanto com a língua, o frio. O clube tinha acabado de subir da segunda divisão para a primeira, e então fui contratado. Levei a família, então foi bem legal", contou o hoje empresário ao ESPN.com.br.
O Rubin Kazan havia subido pela primeira vez à elite do Campeonato Russo e logo em sua temporada de estreia conseguiu terminar na terceira colocação, atrás apenas do campeão, CSKA Moscou, e do Zenit. Roni foi o artilheiro da equipe tartar com 11 gols.
"Hoje tem uma legião de brasileiros na Rússia. Mas eu me lembro bem que era Vagner Love no CSKA (chegou em 2004) e eu no Rubin Kazan, brigávamos pela artilharia", conta.
O ex-jogador também de Atlético-MG, Cruzeiro e Flamengo se lembra das dificuldades em sua primeira temporada no Rubin Kazan e de como ajudou o clube a ser mais organizado.
"O meu treinador na época é o mesmo que está hoje (Kurban Berdyev) e me fala isso, que eu tive uma participação importante, porque eles não tinham essa experiência profissional, de alguém que já tinha jogado em um clube grande do Brasil. Eu ei muitas situações para eles", garantiu.
"Os jogadores tinham que levar a roupa para casa, cuidar do seu material. Eu explicava para eles que no futebol profissional isso não fazia sentido. As viagens, eles estavam acostumados com hotéis ruins, e como eu fui uma contratação cara do clube, eles tiveram que se adaptar bem com relação a isso", relembrou Roni.
Sobre a cidade de Kazan - de maioria muçulmana -, o ex-atacante da seleção brasileira leva boas recordações.
"Por ser uma cidade muito antiga, a gente quando chegou estranhava tudo. Tinha muita dificuldade para encontrar apartamento na época, porque as coisas eram muito velhas, mas depois a cidade foi se desenvolvendo, construíram shoppings, rede de hotelaria. Quando eu saí, fizeram outro estádio", citou.
"É uma cidade com muitos muçulmanos, é uma cultura diferente, as pessoas são mais fechadas. A gente sentia isso no convívio com as pessoas no dia-a-dia".
Roni também vê com bons olhos a evolução do futebol na Rússia - a seleção nacional está nas quartas de final da Copa em casa e vai enfrentar a Croácia.
"A gente sabe que o futebol no geral mudou muito. Antigamente, futebol inglês, russo, era só chutão para cima e choque. A gente vê que hoje o futebol é jogado em todo lugar do mundo, e na Rússia víamos isso, que eles tinham bons jogadores e ficariam mais fortes", analisou.